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Correio da Educação

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17 Dez, 2010

Toadas de Natal (3)

DIA DE NATAL

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
De falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

António Gedeão (Lisboa, 1906-1997)
Natal… Natais, Vasco Graça Moura (ant.), Público, 05: 239

NATAL

Outro Natal.
Outra comprida noite
De consoada,
Fria, vazia, bonita só de ser imaginada.

Miguel Torga (S. Martinho de Anta, 1907 – 1995)
Natal… Natais, Vasco Graça Moura (ant.), Público, 05: 249


A ESTRELA

Eu caminhei na noite
Entre silêncio e frio
Só uma estrela secreta me guiava.

Grandes perigos na noite me apareceram:
Da minha estrela julguei que eu a julgara
Verdadeira sendo ela só reflexo
De uma cidade a néon enfeitada.

Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 1919-2004)
Natal… Natais, Vasco Graça Moura (ant.), Público, 05: 276


NATAL

Hoje é dia de Natal.
O jornal fala dos pobres
em letras grandes e pretas,
traz versos e historietas
e desenhos bonitinhos, e traz retratos também
dos bodos [festins], bodos e bodos

Hoje é dia de Natal.

- Mas quando será de todos?

Sidónio Muralha (Lisboa, 1920- )
Natal… Natais, Vasco Graça Moura (ant.), Público, 05: 279

 

A PROPÓSITO DO NATAL

Após o bem conhecido episódio da Estrela do Oriente
o colérico Herodes gritou aos seus sicários:
“Matem as crianças;
matem as criancinhas!”

Egito Gonçalves (Matosinhos, 1922-2001)
Natal… Natais, Vasco Graça Moura (ant.), Público, 05: 286


NATAL

Há um sapato pequeno para encher de brinquedos:
um sapatinho azul
como uma história antiga.

Há uma espera no olhar
da criança que espera
a sonhar cavaleiros e canções.


Fernando Guedes (Porto, 1928- )
Natal… Natais, Vasco Graça Moura (ant.), Público, 05: 315


PUER NATUS EST NOBIS

Dos contos de fadas da
minha infância, este da Divina
Criança era dos mais maravilhosos […]

Inês Lourenço (1942- )
Natal… Natais, Vasco Graça Moura (ant.), Público, 05: 339


À AVÓ

Ficou vazio o teu lugar à mesa. Alguém veio dizer-nos
Que não regressarias, que ninguém regressa de tão longe.

[……………………………]

No outro Natal, quando a casa se encheu por causa
das crianças e um de nós ocupou a cabeceira,
não cheguei a saber
se era para tornar a festa menos dolorosa,
se para voltar a sentir o quente do teu colo.


Maria do Rosário Pedreira (Lisboa, 1959)
Natal… Natais, Vasco Graça Moura (ant.), Público, 05: 359

 

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