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Correio da Educação

Correio da Educação

* Teresa Martinho Marques

 

Chegou entusiasmado, desejando partilhar:
– Oh, professora, pensei no desafio e construí o meu relógio com o Scratch.
– Boa! E então como foi? Como fizeste?
– Bem, eu fiz o relógio e o ponteiro dos segundos (eram dois sprites) e pensei que o ponteiro depois de rodar tinha de esperar um segundo, claro. Mas depois o ângulo é que demorou mais a descobrir!
–Conta lá!
Era o final da aula de Estudo Acompanhado, e o F. contava-me a história a mim e ao professor de Língua Portuguesa:
– Então, aquilo quando começa tem sempre 15 graus na instrução de rodar, mas achei que era muito e mudei para 10. Experimentei mas não deu. Depois experimentei um grau por cada segundo. Era pouco e não dava. Fui experimentando e acabei por chegar a seis graus, que é o valor certo para o relógio funcionar.
– Então porquê?
A minha cabeça ia já a mil, apercebendo-me do problema matemático que havia estado à sua mão de resolver… se eu estivesse perto dele tê-lo-ia colocado a pensar no assunto: – Vamos lá pensar juntos.
O professor de Língua Portuguesa começava a ficar entusiasmado com o rumo da conversa… E foi ele quem perguntou: – O relógio é o quê?
– É um círculo…
– Sim, e então quantos graus tem uma volta completa?

Via-se através dos olhos e das mãos a cabeça do F. a trabalhar… Ele ia dizendo em voz alta: – Ora assim é 90 graus, depois fica 180…
– E? E? – Nós quase sem resistir…
– Ao todo 360 graus…
– Pois… Então… Quantos segundos numa volta completa?
– São 60… Ah! Dividia-se 360 por 60!
A descoberta…
– Por isso é que me deu 6 graus. 6 x 60 dá 360! Era mais fácil!
– Pois… A Matemática tem esta forma interessante de nos ajudar nos momentos mais inesperados. Através dela é posssível fazer atalhos elegantes aos caminhos e não usar apenas métodos por tentativas. Mas, neste caso, também é bom ensaiares e depois perceberes a possibilidade de existência de outros caminhos! Foi óptimo o que fizeste! E, vês, acabaste por descobrir uma outra forma de resolver o problema. Se puderes, escreves as notas do projecto – como fizeste as tuas descobertas – para eu ficar com elas?

 

 

Com alguns anos de diferença... Eis a história da I. Com uma professora presente e mais experiente para a apoiar (em vídeo, aqui).
Esta é uma entre as imensas actividades que o ambiente gráfico de programação Scratch permite. Não há limites de tema, forma, idade do programador e suas características. A seu tempo partilharemos mais informação e outras conversas de aprender... Aqui podem encontrar-se muitos exemplos de projectos que nos abrem o apetite.
Fica o desafio!

 

* EB 2,3 de Azeitão e CCTIC – ESE/IPS: http://projectos.ese.ips.pt/cctic/ e http://eduscratch.dgidc.min-edu.pt/