Nome: Manuel Tojal de Meneses
Habilitações: Doutoramento
Área: Literatura Portuguesa
Universidade onde foram obtidas: Universidade de Toulouse, 1987
Universidade do Porto: Equivalência ao Grau de Doutor, 1989
Situação: Professor Aposentado do Ensino Secundário
Actividades:
Membro do Centro de Estudos em Língua, Comunicação e Cultura (CELCC) no ISMAI.
Associações a que pertenço:
Ateneu de Vila do Conde
Ocupação de tempos livres:
Gosto de escrever poemas, embora não o pratique como uma actividade regular.
O livro da minha vida:
É difícil responder a esta questão, mas um dos livros da minha vida foi Fado Alexandrino, de António Lobo Antunes, opção que terá a ver com o facto de ter estado na guerra colonial, em Angola.
Pelo mesmo motivo, um dos filmes da minha vida foi Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola.
A propósito, aqui transcrevo um poema que escrevi trinta e cinco anos, depois de ter regressado:
Luanda: os dias do fim
Quando as paredes foram abaladas e as memórias todas dispersas
quando as cortinas foram dobradas e os confins todos da vida
na cidade de pedra ficaram só carros cobertos de pó varandas
que não couberam nos baús uivos de cães abandonados
e meninos negros batucando
nos becos e nos bancos das avenidas tristes.
A cidade de madeira fugiu em caixotes para o largo
navegando em busca de outros cais
no desespero de um abrigo
sem lâminas sem lágrimas e sem gritos.
Agora
por mais que me apertes a mão
nenhuma palavra cobrirá os silêncios que ficaram por dizer.
Nos nossos sonhos incolores
galopam cavalos de água mas já não cabem sombras roxas
nem olhos cor de púrpura.
Restam as margens do tempo
depositando no espelho a idade que nos leva para longe de quem fomos
e o cheiro da terra vermelha
como a tela do toiro decapitado na floresta do coronel Kurtz.
O horror cravado na retina das estacas. A estupidez do sangue
entre as palavras
e os corpos nus a apodrecerem na selva dos trópicos.
M. Tojal, Out. 2009