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Correio da Educação

Correio da Educação

29 Abr, 2010

Instantâneos

Paula Cardoso*

1. O espaço – na escola

 

Nos dias que correm o espaço tem vindo a ser um bem precioso. Nunca há espaço para nada: não há espaço para arrumar, não há espaço no calendário para os amigos, não há espaço para a reflexão. Mas eu sou, na verdade, uma felizarda, encontrei um espaço.

Por mero acaso, foi possibilitado ao meu grupo disciplinar, um momento de reunião formal que se tornou num espaço de troca de impressões, de reflexão, de troca de experiências, opiniões. Se a intenção inicial foi a formação no âmbito dos Novos Programas de Português, na verdade aproveitou-se a oportunidade para dar voz a todos num espaço restrito sobre aquilo que somos, que fazemos, até recordámos momentos de infância, com nostalgia é verdade, relembrando os métodos dos nossos professores e as suas consequências.

Relembrámos os jogos de memória, os recitais, os poemas declamados em público, a dramatização de pequenas peças de teatro. E saímos dali com um largo sorriso de saudade. Os resultados de tais conversas proporcionaram-nos momentos ainda mais especiais, a prática de outros métodos nas nossas salas de aula. E reunimo-nos, de novo, para aí, nesse espaço, voltarmos à reflexão, à troca de práticas lectivas.

Criámos espaço de diálogo. O espaço existe, agora, ninguém o tira.

 

 

2. O Leitor

 

Pediram-me uma reflexão sobre o perfil do bom leitor, o leitor ideal, o leitor perfeito.

Em primeiro lugar, criei a imagem de um jovem aluno, saído do 12.º ano, sendo este agora o fim do ensino obrigatório. Esse jovem é oriundo de um ambiente familiar normal, equilibrado em termos sociais, económicos e emocional. Esse jovem, que queremos que seja um Bom Leitor, tem à sua volta todos os atractivos que as novas tecnologias proporcionam, logo perde-se com muita facilidade no universo cibernético.

Mas, somos persistentes e queremos que esse jovem seja um Bom Leitor.

Iniciei então uma listagem daquelas que deveriam ser as características do jovem bom leitor. E depois de as organizar de uma forma lógica, tinha diante de mim o perfil do Bom Leitor, ou seja, o perfil do sujeito perante o seu acto de leitura.

E assim se resume a minha reflexão: o jovem deve sentir-se motivado para a leitura, procurar informações sobre o autor, encarar a leitura como recreativa e fonte de conhecimento, escolher o livro que pretende ler, respeitar o livro no seu manuseamento, usar o dicionário sempre que necessário.

Assimilados esses conceitos e partindo do princípio que o nosso jovem responde a todos eles, é realizada a leitura propriamente dita, durante a qual ele deduz, compreende a intencionalidade da mensagem, faz associações, lê tudo, sem excepção, interrompe a sua leitura sempre que necessário.

Depois da leitura realizada e interiorizada, o nosso jovem ainda é capaz de pesquisar sobre a época ou sobre a temática da obra lida, enriquecendo, desta forma, a sua bagagem cultural, sentir prazer no que leu, fazer uso de espírito crítico em diálogo com os outros ou com ele próprio, divulgar a sua leitura.

Mas não pode ser só Bom Leitor aquele que lê bem, aquele que respeita a pontuação, a entoação. A leitura deve estar já no jovem, nos seus hábitos, na frequência da sua leitura. Só assim, juntando todos os itens acima assinalados, e, com certeza, outros aqui esquecidos, é que teremos um Bom Leitor.

 

* Mestre em Ensino da Língua e da Literatura, docente da Escola Secundária S. Pedro – Vila Real.

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