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Correio da Educação

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Heródoto conta que o rei Psamético teria mandado que duas crianças fossem, desde o nascimento, mantidas longe de qualquer contacto com a linguagem, de forma a poder-se descobrir qual seria a língua primeira da humanidade. Aparentemente, o primeiro som que as crianças proferiram assemelhava-se ao termo frígio para “pão”, o que levou o rei egípcio a concluir que o frígio era a língua original, de onde derivaram todas as outras línguas.

Esta e outras experiências e propostas de experiências foram sendo colocadas ao longo dos séculos, à medida que a humanidade procurava a resposta para a mais enigmática das perguntas: qual a origem desta formidável ferramenta de comunicação a que chamamos linguagem?

Desde sempre que esta questão tem preocupado os filósofos. Em Crátilo, Platão procura uma ligação lógica entre as palavras e aquilo que elas representam. Aristóteles, que via o homem como um ser social e político, não concebia este como desligado da linguagem. A Bíblia mostra-nos Adão como dador de nomes das coisas. Mais tarde, o filósofo Thomas Hobbes defenderia que a linguagem era apenas uma extensão da racionalidade humana, ao passo que Jean-Jacques Rousseau acreditava que nos primórdios a humanidade não tinha razão ou linguagem, tendo sido esta a primeira a surgir e sendo ela a fonte da razão.
Com a chegada da era contemporânea, a linguística e a ciência substituíram a filosofia na busca de uma solução para este problema.

A partir do momento em que a Linguística procurou as origens da linguagem, multiplicaram-se as teorias sobre a sua origem e evolução. Os antropólogos remontam a linguagem oral pelo menos ao Paleolítico Médio, julgando que esta se tenha generalizado por volta de 35 mil anos antes de Cristo.
Esta data coincide também com o desaparecimento dos neandertais, havendo quem acredite que esta extinção se deve à desvantagem destes, que possuiriam uma linguagem mais limitada que os homo sapiens sapiens.
No entanto, também há antropólogos que preferem assinalar o início da linguagem a partir da sua representação gráfica, considerando que esta é a verdadeira ruptura que se estabelece entre a linguagem humana e a comunicação animal.

A evolução da linguagem oral pode ser vista sob dois prismas. Um dos prismas encara a linguagem como um artefacto cultural, dentro da categoria da roda, da pedra lascada e de outras ferramentas do dia-a-dia. Desse ponto de vista a linguagem acompanhou a evolução da cultura humana, tendo-se tornado mais complexa e sofisticada à medida que as sociedades e culturas humanas se iam desenvolvendo.
O outro prisma é o biológico, encara a evolução da linguagem consoante a evolução da biologia humana. Deste modo, a linguagem terá partido da gestualidade, acompanhada por guinchos e grunhidos, que se foram complexificando à medida que o aparelho fonador humano se ia tornando mais desenvolvido e a capacidade cerebral do homem ia aumentando.
É óbvio que estes dois cenários não se excluem mutuamente, podendo perfeitamente ser complementares.

Ainda que os linguistas possam discordar quanto ao número exacto de línguas faladas que existem actualmente (alguns apontam 3000, outros 5000, outros ainda à volta de 6000), podemos afirmar com segurança que são muitas. Aliás, sempre foram muitas as línguas dos homens e o que os linguistas procuraram fazer foi tão só classificá-las de forma a tentar perceber a sua origem.

Assim, num processo de reconhecimento de palavras que apresentassem semelhanças ao nível do som e do significado, os linguistas foram agrupando as línguas em famílias. O Português, por exemplo, faz parte da família das línguas românicas, a qual por sua vez, integra a família maior do Indo-Europeu.

 

 

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