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Correio da Educação

Correio da Educação

27 de Novembro

 

 

A Faculdade de Letras da Universidade do Porto e o Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho organizam, no dia 27 de Novembro, naquela faculdade, o colóquio “Supervisão Pedagógica e Educação em Línguas”. O colóquio visa contribuir para a reflexão e para a divulgação de práticas e de teorias da supervisão pedagógica, aplicadas à educação em línguas. No anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. (Ver mais)

 

17 Nov, 2009

A Autonomia Moral

Roga o meu querido Amigo que lhe continue a debuxar o perfil do verdadeiro idealista. Pois seja; anuo, de boa vontade, ao seu pedido. Julgo ter-lhe mostrado que o idealista, longe de ser um quimerista imerso no vago dos sonhos, é pelo contrário o único, o autêntico realista. O idealista possui um forte «sentido das realidades»; sabe lucidamente que o ideal, ao encarnar no facto, esbarra ou está sujeito a certos condicionalismos histórico-sociológicos. Quero dizer, o verdadeiro idealista conta sempre com os factos, como o general estrategista conta sempre com as forças do inimigo e o piloto com as correntes da maré.

 

Diário de Lisboa, 4747, de 05-02-1936; também, in Sílvio Lima, Obras Completas II Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Serviço de Educação e Bolsas, 2002: 1626-1627.

 

27 e 28 de Novembro


Como pode uma instituição de formação preparar professores e outros agentes educativos para um mundo globalizado e cada vez mais diversificado? Que novas funções se desenham para os professores? Qual o lugar da prática profissional na formação de professores? Como permitir que a prática profissional seja o motor da formação? Como conceber a formação enquanto projecto? Estas e outras são algumas das preocupações a partilhar e aprofundar. O 4º Encontro do CIED desenha-se como um fórum de discussão das nossas práticas mas, também, uma oportunidade de aprofundamento de algumas das questões essenciais com que se debate, hoje, o sistema educativo. Destina-se a Educadores de infância, Professores dos 1º, 2º e 3º Ciclos e Secundário, Investigadores, Outros Agentes Educativos e Estudantes. O Encontro, acreditado com, terá lugar na Escola Superior de Educação de Lisboa. (Ver mais)

25 de Novembro

 

O evento tem como objectivo proporcionar um espaço de debate e partilha de ideias e experiências, promovendo a reflexão conjunta acerca da qualidade do ensino e a formação pedagógica dos docentes no ensino superior. Terá lugar na sala 131 do Colégio do Espírito Santo, pelas 15h. Entrada gratuita. (Ver mais)

 

17 Nov, 2009

Jornalismo e Arte

Até que ponto o jornalista profissional prejudica o escritor?

Até que ponto o jornalista profissional favorece o escritor?

Eis, sem embargo, um curioso problema de crítica literária. Para certos indivíduos, o jornalista é o pior inimigo (inconsciente) do escritor; mais do que nunca, o leitor deseja a informação rápida, fresca; apetece sentir, na folha de papel ainda cheirosa e húmida de tinta, as últimas vibrações cálidas do sucesso. O jornal deveria ser a projecção instantânea e ininterrupta da hora que flui; acontecimento a desenvolver-se, acontecimento a projectar-se. Daí o triunfo da rádio sobre a imprensa; a primeira estaria para a segunda como a tartaruga para o galgo, o trovão para o relâmpago.

Esta apetência da informação veloz - e do seu comentário analítico - acarretaria, como corolário fatal, a decadência literária do jornalismo.

A pressa dá lugar à improvisação, ao desalinho, ao mal-acabado; não existem ócios para brunir as imagens, pentear o estilo, bolear o período; a negligência da forma acompanhar-se-ia, por seu turno, da negligência do fundo; como reflexionar, com mesura, equilíbrio, objectividade, profundeza, se apenas «explodido» o sucesso, temos logo de lhe colar o apêndice crítico? Ainda o sangue espadana, o fumo tremula no ar, o clarão deslumbra os olhos, a pólvora irrita as narinas, e já o jornalista faz ranger a pena julgadora no papel branco.

Têm peso, decerto estas razões. O jornalista pensa, escreve à pressa.

E a pressa é inimiga do escritor.

Para outros críticos, o jornalismo - se é certo que pela sua precipitação obriga o intelecto ao descuidado da forma e ao superficial do fundo - dá-lhe em compensação, e com o tempo, um forte banho de realidade; leva-o a «mergulhar» na vida, a imiscuir-se no fluxo onduloso e complexo dos acontecimentos. O jornalista vive em plena vida e vive a vida; rodeia-o o mundo, como onda túmida. É gotejando da vida, com a pele ainda borrifada da espuma dos faits divers, que ele tem de curvar-se sobre o papel.  Esse contacto quotidiano com o real infunde-lhe nas veias um grande sentido humano; quem como ele, regista - à maneira de um quimógrafo - a pulsação das horas?

Dores, júbilos, traições, glórias, covardias, anseies, ruínas, vitupérios perversões, tudo, afinal, a sua pupila vê, o seu ouvido escuta, a sua mão tateia.

Como aquele homem que, sem o saber, transportava ao colo Deus-Menino, e portanto o mundo, o jornalista transporta, sem o saber, na ponta da pluma, a bola do universo. Eis porque o jornalismo é profissão esgotante, depauperadora; como labareda, queima, e como areia do deserto, chupa.

A passagem pelo jornalismo será escola enriquecedora do escritor; dar-lhe-á ocasião de surpreender, captar documentos sociais pris sur le vrai, sur le vif, sur le saignant; de penetrar na alma de certos «meios», de certas «classes»; de compreender melhor o «comportamento» biossociológico do complexo «bicho humano». Em resumo, o jornalismo oferecer-lhe-á o suco da vida, sem o qual toda a obra de arte, por mais esplendente, é verbalismo estéril, literatice, poeira vã.

Pode-se ser escritor sem se ser jornalista ou nunca tê-lo sido; mas o jornalismo, por isso que enraíza as suas bases na vida, longe de ofender a arte, humaniza-a, universaliza-a.