Carla Marques*
Numa altura em que vivemos rodeados pelo pragmatismo e pelo imediatismo questionamo-nos muitas vezes sobre a utilidade de certos conhecimentos, cuja aquisição não produz efeitos imediatos e visíveis. Sempre em busca de um ensino de tipo hedonista, muitos alunos reagem de forma diferente a actividades e conteúdos distintos, evidenciando o seu gosto por zonas de aprendizagem associadas ao consumo rápido, à resposta instantânea e manifestando o seu desprezo pelos conhecimentos sem “aplicação ao mundo real”. De forma mais ou menos consciente, o ensino adapta-se em muitas das suas vertentes a esta realidade que nos envolve, relegando para segundo plano a aprendizagem construída a longo prazo, os conhecimentos entrelaçados que resultam do esforço cognitivo e do trabalho pessoal. As manifestações deste novo enquadramento que se vem apoderando do ensino, mudando matrizes de aprendizagem e interferindo directamente nas práticas quotidianas encontram-se um pouco por todo o lado na escola portuguesa. Gostaríamos de destacar hoje a tecnologia.
*Carla Marques - Mestre em Linguística e doutoranda na mesma área; autora de várias publicações de carácter didáctico e de carácter linguístico: docente na Escola Secundária/3 de Carregal do Sal.