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Correio da Educação

Correio da Educação

Carla Marques*

 

Cada vez mais se verifica uma pressão social de que aquilo que se ensina na escola sirva para alguma coisa. Fotografar será importante num curso de Marketing, realizar desenho técnico num curso de Design, podar videiras num curso de Enologia, programar computadores num curso de Informática. Todavia, esta necessidade de materialização do saber convertido em realização de utilidade pragmática não é nem poderá ser a vertente central e predominante do ensino na sua dimensão geral de formação de seres humanos, futuros cidadãos conscientes e activos. Os nossos alunos, os seus encarregados de educação e até mesmo algumas correntes do poder político vivem obcecados pela importância da aplicabilidade imediata das aprendizagens, mas as escolas não são fábricas de produção em série de executantes. Nas escolas deveria, antes de mais, começar por ensinar-se a pensar, procurando a formação de alunos cultos, conhecedores de diferentes áreas do saber, informados, conscientes e críticos. A componente técnica virá numa fase posterior e poderá ganhar com uma formação globalizante de base um enquadramento mais complexo que a enriquecerá.

 

*Carla Marques - Mestre em Linguística e doutoranda na mesma área; autora de várias publicações de carácter didáctico e de carácter linguístico: docente na Escola Secundária/3 de Carregal do Sal.