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Correio da Educação

Correio da Educação

Autores: Paula Catarino & Cecília Costa

Vila Real: UTAD, 2009. – Série Didáctica – Ciências Puras, n.º 53

ISBN: 978-972-669-895-1

 

RESUMO

 

A construção e a manipulação de representações mentais de objectos a duas e três dimensões são um aspecto importante do pensamento geométrico. Assim, é importante que a criança encontre no ambiente escolar oportunidade para desenvolver essas capacidades. No sentido de contribuirmos para este desenvolvimento, apresentamos propostas para explorar a abordagem do tema “Geometria”, no 1.º Ciclo do Ensino Básico (1.º CEB) e no Ensino Pré-escolar (EPE), em sala de aula.

Ao integrarmos o ensino da matemática, através de tarefas, num contexto concreto e próximo das vivências dos alunos, espera-se contribuir para que estes a encarem como uma disciplina mais aliciante, tornando-os mais competentes, curiosos e imaginativos.

16 Abr, 2010

Augusto Martins

Maia, 31/05/1885 – Porto, 04/03/1932

 

No dia 23 de Junho de 1910, aos 25 anos de idade, tendo no júri Adolfo Coelho, conclui o Curso de Habilitação para o Magistério Secundário em Matemáticas, Ciências Físico-Químicas e Histórico-Naturais e Desenho. O ensino será a actividade que, nas suas palavras, "desempenhará com maior paixão". Inicia a actividade docente no ano lectivo de 1910-1911 no Liceu Rodrigues de Feitas (Porto). Em 1913-1914 será professor efectivo do 8.º Grupo no Liceu Camilo Castelo Branco (Vila Real). Em 1915-1916 será transferido para o Liceu Feminino do Porto, onde exerceu funções de bibliotecário (1915 a 1918), reitor interino (1916 a 1918) e reitor efectivo de (1918 a 1926). Em Outubro de 1926 regressa ao Liceu Rodrigues de Freitas.

 

« MARTINS, Augusto », Luís Viana, in António Nóvoa (dir.), Dicionário de Educadores Portugueses, Porto, Edições Asa, 2003: 875-877, com adaptações.

 

Estudante de doutoramento

Ano da licenciatura: 2005

 

- Qual a sua actividade profissional mais gratificante já realizada?

Ensino da disciplina de Língua Portuguesa a alunos inscritos no designado ano “zero” da instituição de ensino superior, Jean Piaget.

 

- Para si, qual a chave para mudar a educação em Portugal?

Julgo que será fundamental uma espécie de regresso das designadas “Artes Liberais”, permitindo o regresso indispensável de uma composição disciplinar fulcral que garanta a formação e incorporação de uma visão de fundo aos saberes em aquisição durante o percurso escolar dos alunos. Portanto, julgo ser indispensável, para esse, efeito haver coragem política e governamental de modo a apostar em paradigmas sociais, económicos, culturais e educativos substancialmente distintos dos vigentes na actualidade, abdicando do exageradamente tecnológico em prol das promissoras estratégias interdisciplinares, nas quais as humanidades funcionam como o sustentáculo da reflexão e do pensamento.

 

Luciana Cabral Pereira

 

 

Em tempos de pós-modernismo, prolonga-se ainda nos amplos espaços da criação artística e literária os efeitos ulteriores do espartilhar do sujeito humano. Resultado de uma progressiva escalada de introspecção subjectiva romântica, cuja exacerbação ontológica cedeu lugar à disseminação e consequente fracturação de identidades, tal como exemplarmente plasmam na obra poética de Fernando Pessoa, tamanha representação do esvaziamento humano justifica, em contrapartida, o elogio do humano na literatura. Desviado de qualquer tipo de idealismo infecundo e duvidoso, o discurso panegírico que aqui se apresenta dirige-se, muito fundamentalmente, às iniciativas didáctico-pedagógicas que intentam a revelar o humano nos textos e obras da literatura, em tempos indecisos quanto ao rumo da educação escolar e geral. Mais concretamente, elogie-se as iniciativas humanistas de abordagem e críticas literárias que acolhem o texto literário como algo mais do que um objecto de análise metodológica rigorosa, qual produto de uma operação lógica e maquinal. Afinal, se a literatura é, para além de muitas e discutidas coisas e naturalmente legítimas opiniões, um prolongamento sensível e criativo do humano, e a poesia um “ […] espontâneo transbordar de sentimentos poderosos […]” [Jones, Alun R., Tydeman, William, 1984: 36], no sentido wordsworthiano de uma extraordinária captação romântica das vidas, sujeitas à filtração sensorial e subjectiva do sujeito poético, valerá certamente a pena resgatar tamanhos conteúdos humanos.

 

Luciana Cabral Pereira – Licenciada em Línguas e Literaturas Moderna, FLUP; doutoranda em Didáctica da Literatura, UTAD; investigadora do CITCEM / FLUP.

Carla Marques*


Estou cansado, é claro,

Porque, a certa altura,

a gente tem que estar cansado.

De que estou cansado, não sei:

De nada me serviria sabê-lo,

Pois o cansaço fica na mesma.

A ferida dói como dói

E não em função da causa que a produziu.

Sim, estou cansado,

E um pouco sorridente

De o cansaço ser só isto

— Uma vontade de sono no corpo,

Um desejo de não pensar na alma,

E por cima de tudo uma transparência lúcida

Do entendimento retrospectivo...

E a luxúria única de não ter já esperanças?

Sou inteligente; eis tudo.

Tenho visto muito e entendido muito

o que tenho visto,

E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,

Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

Álvaro de Campos, in "Poemas"

 

 

Se por esta altura entrarmos numa sala de professores de qualquer escola do país, este será o ambiente que paira no ar… Cansaço.

Num passado ainda demasiado recente, os professores uniram-se, transformaram-se diversidade, diferenças, incompatibilidades numa manta de retalhos que se uniu e que lhes deu a agradável sensação de união e força. E assim foram, gritaram o seu direito de ser professores nas ruas e nos caminhos virtuais. Moviam-nos as vozes que teimavam em anular uma classe, as intermináveis reuniões improváveis, a degradação do ambiente da escola, a luta pela qualidade de um ensino que viam decair a cada portaria, a cada decreto. Uniram-se porque pressentiram o fumo da injustiça moldado por uma avaliaçã o do desempenho que sabiam não poder ser justa, rigorosa ou verdadeira.

*Carla Marques - Mestre em Linguística e doutoranda na mesma área; autora de várias publicações de carácter didáctico e de carácter linguístico: docente na Escola Secundária/3 de Carregal do Sal.