1. Para compreender uma realidade é indispensável existir uma linguagem capaz de a expressar. Depois há que aceder a esta para apreender ou pensar aquela. Trata-se da antiga relação fundamental, mas pouco conhecida, entre a realidade, o pensamento e a linguagem – sendo esta constitutiva daqueles dois elementos, sem a qual, provavelmente nenhum deles existiria.
Ora parece ter-se hoje perdido a missão social do professor, tão viva, por exemplo entre esses profissionais na altura do liberalismo e da Primeira República. De facto, nestas épocas, tanto a escolaridade longa como a curta traziam claros e palpáveis ganhos individuais e sociais, observáveis desde a postura, à actividade profissional, à cidadania – pela capacidade de voto –, aos interesses culturais, aos tempos livres, para quem os tinha…
Hoje as coisas não são tão evidentes nem lineares. Antes, se apresentam mais sofisticadas e exigentes relativamente à linguagem e ao pensamento. Também parece ter desaparecido “a missão” do professor, substituída por papéis sociais adequados a tempos, públicos e situações específicas.
J. Esteves Rei - Professor Catedrático de Didáctica das Línguas e de Comunicação, na UTAD, Vila Real