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Correio da Educação

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Relia há dias o romance, Orgulho e Preconceito, de Jane Austen e deparei-me com uma série de preconceitos essencialmente sociais e culturais, tal como surgem identificados, expostos e narrados. Porém, surpreendeu-me o facto de me confrontar subitamente com uma interessante passagem, por mim já esquecida, e que, contudo, assinala um importante foco de interpretação da obra e da sociedade epocal ali enformada. Para além disso, a aludida passagem assinala interessantemente um ponto de relevante e actualizada polémica, sensível, por isso, à nossa época e hodiernas sociedades e demais subsistemas culturais e educativos. Trata-se, mais exactamente, da passagem relativa à consideração da personagem Mr Collins relativamente à leitura de romances no contexto da visita à casa da família Bennet. Justamente, Mr Collins afirmava a dada altura:

“ [...] O Sr. Collins prontamente aceitou, e um livro foi introduzido, mas ao contemplá-lo (pelo que todos os livros provinham de uma biblioteca itinerante) afirmou nunca ler romances. [...] ". O Sr. Collins, [...] disse: "Tenho muitas vezes observado quão pouco as jovens moças se interessam por livros de carácter sério e grave, embora escritos exclusivamente para o seu benefício. Espanta-me, confesso, - já que, certamente, não pode haver nada tão favorável a elas como a instrução. [...] ". [Austen, 1984:113].

 

 

Lisboa, ??/?? /1821 - Lisboa 20/01/1890

 

Filha de "pais humildes e laboriosos", segundo os seus próprios apontamentos autobiográficos, inicia-se em 1835 no jornalismo e na poesia com um soneto no periódico político da oposição, Guarda Avançada. Colabora em vários jornais e revistas, sob o pseudónimo de "A Portuguesa Liberal". É autora de artigos de crítica aberta ao governo, nos quais afirma as suas convicções liberais. Na sequência de uma mudança de orientação política, passa a escrever, desde 1841, na Revolução de Setembro, no Patriota, no Bejense, no Diário de Notícias e no Jornal do Povo. Por carta régia de 31 de Agosto de 1847, é nomeada professora da escola pública das Mercês para o sexo feminino, mas já anteriormente leccionava no ensino particular. Acompanha o 1.º visconde de Castilho na sua campanha de instrução. Entre Fevereiro de 1862 e Maio de 1863, rege gratuitamente a aula nocturna criada pelo Grémio Popular, denominada de Escola de D. Pedro V, facto que contribui para receber um louvor do Governo.

«CANUTO, Maria José da Silva», Cláudia Castelo, in António Nóvoa, Dicionário de Educadores Portugueses, Porto, Edições Asa, 2003: 264 - 265, com adaptações.


1. O homem ainda não conseguiu libertar-se do lugar e do tempo mesmo na era do virtual. Assim, comemorando-se neste ano o centenário da implantação da República, parece acertado que este facto surja no horizonte veraneante. Tais comemorações celebram-se um pouco por todo o lado, com destaque para a capital onde mais lugares e pessoas estiveram ligados a esse acontecimento.

Em Lisboa, parece ter concentrado o seu interesse a Comissão Nacional das Comemorações do Centenário, ao criar três grandes exposições, que chamam a atenção do transeunte desde os grandes painéis exteriores. A do “Corpo”, no torreão oriental do Terreiro do Paço, a do “Viajar”, no local oposto a esse da mesma praça, e a da “Viva a República 1910 – 2010”, na Cordoaria, à Junqueira.

Uma deslocação a Lisboa para uma visita a esses espaços faz lembrar outras peregrinações culturais à capital, como a “Expo 98”, bem mais badaladas pela comunicação social, mas com idênticos motivos e de igual implicação identitária.

 

 

J. Esteves Rei - Professor Catedrático de Didáctica das Línguas e de Comunicação, na UTAD, Vila Real