Relia há dias o romance, Orgulho e Preconceito, de Jane Austen e deparei-me com uma série de preconceitos essencialmente sociais e culturais, tal como surgem identificados, expostos e narrados. Porém, surpreendeu-me o facto de me confrontar subitamente com uma interessante passagem, por mim já esquecida, e que, contudo, assinala um importante foco de interpretação da obra e da sociedade epocal ali enformada. Para além disso, a aludida passagem assinala interessantemente um ponto de relevante e actualizada polémica, sensível, por isso, à nossa época e hodiernas sociedades e demais subsistemas culturais e educativos. Trata-se, mais exactamente, da passagem relativa à consideração da personagem Mr Collins relativamente à leitura de romances no contexto da visita à casa da família Bennet. Justamente, Mr Collins afirmava a dada altura:
“ [...] O Sr. Collins prontamente aceitou, e um livro foi introduzido, mas ao contemplá-lo (pelo que todos os livros provinham de uma biblioteca itinerante) afirmou nunca ler romances. [...] ". O Sr. Collins, [...] disse: "Tenho muitas vezes observado quão pouco as jovens moças se interessam por livros de carácter sério e grave, embora escritos exclusivamente para o seu benefício. Espanta-me, confesso, - já que, certamente, não pode haver nada tão favorável a elas como a instrução. [...] ". [Austen, 1984:113].