Entrevista a Alexandre Franco de Sá, presidente da Associação de Professores de Filosofia
1) Como caracteriza o ensino em Portugal nos últimos anos?
Penso que a educação em Portugal se tem caracterizado por uma certa falta de rumo e de pensamento sobre os seus fins. As reformas em educação têm sido, em larga medida, medidas reativas tomadas no decurso de processos que seguem descontroladamente o seu curso. Os sucessivos ministros parecem apenas tentar gerir um automóvel que corre descontroladamente e que já ninguém consegue domar.
2) Que propostas sugeria para melhorar o ensino em geral e o da sua área disciplinar em particular?
Acho que a filosofia desempenha um lugar central numa formação integral e humana. É isso que a sua integração na componente da formação geral dos cursos científico-humanísticos pretende expressar. Mas a filosofia, para além de ser um importante instrumento de pensamento e de argumentação, é também a expressão de uma tradição cultural e histórica de confrontação do humano com os grandes problemas e o mistério do mundo e da sua vida. Penso que o programa de Filosofia poderia ser revisto no sentido de dar um lugar maior à expressão dessa tradição. Por outro lado, a reintrodução do exame de Filosofia, que foi certamente uma boa notícia, também poderá contribuir para rever o programa neste sentido. No caso específico da Filosofia, uma situação que há que resolver – e que não pode ser esquecida – é também a do 12º ano: a disciplina está praticamente morta e a sua situação deveria ser objeto de reflexão.