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Correio da Educação

Correio da Educação

 

1) Como caracteriza o ensino em Portugal nos últimos anos?
Penso que a educação em Portugal se tem caracterizado por uma certa falta de rumo e de pensamento sobre os seus fins. As reformas em educação têm sido, em larga medida, medidas reativas tomadas no decurso de processos que seguem descontroladamente o seu curso. Os sucessivos ministros parecem apenas tentar gerir um automóvel que corre descontroladamente e que já ninguém consegue domar.

2) Que propostas sugeria para melhorar o ensino em geral e o da sua área disciplinar em particular?
Acho que a filosofia desempenha um lugar central numa formação integral e humana. É isso que a sua integração na componente da formação geral dos cursos científico-humanísticos pretende expressar. Mas a filosofia, para além de ser um importante instrumento de pensamento e de argumentação, é também a expressão de uma tradição cultural e histórica de confrontação do humano com os grandes problemas e o mistério do mundo e da sua vida. Penso que o programa de Filosofia poderia ser revisto no sentido de dar um lugar maior à expressão dessa tradição. Por outro lado, a reintrodução do exame de Filosofia, que foi certamente uma boa notícia, também poderá contribuir para rever o programa neste sentido. No caso específico da Filosofia, uma situação que há que resolver – e que não pode ser esquecida – é também a do 12º ano: a disciplina está praticamente morta e a sua situação deveria ser objeto de reflexão.


 

14 Mar, 2011

Gerir a diferença

 

* Teresa Martinho Marques

 

 


A escola tende a ser um espaço de massas anónimas, espaços e tempos formatados, uniformização e médias. Número excessivo de alunos é uma tentação para adormecer no branco e não convida ao arco-íris.
Há muitos anos, a Filipa (nunca mais esqueci o nome dela), depois de concluir uma ficha de avaliação, surpreendeu-me com este desabafo: Professora, fiquei desapontada com o teste. Explicou-me que sabia resolver problemas e expressões numéricas muito mais complicados, tinha estudado imenso e o teste era... muito fácil!

Esta menina de 11 anos motivou a mudança na minha forma de olhar as turmas e o ensino da Matemática no 5.º e 6.º anos. Muito jovem, professora a lecionar em escola complicada de periferia, acreditava que era preciso zelar quase apenas pelos (imensos) desfavorecidos, porque os filhos de um Deus maior acabariam sempre por encontrar o seu caminho. Falso. Todos têm o direito a ver os seus limites desafiados, mesmo que nem sempre seja fácil encontrar o equilíbrio.

 

* EB 2,3 de Azeitão e CCTIC – ESE/IPS: http://projectos.ese.ips.pt/cctic/