Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Correio da Educação

Correio da Educação

Cada vez mais americanos estão a questionar-se sobre as vantagens de investir no Ensino Superior. Num estudo recente, 57% dos norte-americanos consideraram que o ensino superior não vale o investimento necessário - que ronda os 30 mil dólares (20 mil euros) no ensino público e 110 mil dólares (75 mil euros) no ensino privado.

Segundo o economista Robert Lerman, esta tendência não é nova, mas recebe maior atenção com o aumento dos índices de desemprego.
Segundo os dados estatísticos, só 56% dos licenciados em 2010 arranjou emprego. Dos restantes, 22% está desempregado e outros 22% está a realizar trabalhos para os quais não necessitava de qualificações superiores. (Folha de São Paulo)

* José Matias Alves



Não há dúvida de que a aprendizagem escolar exige trabalho, método, perseverança. E também não há dúvida de que a motivação não se prescreve, mas antes se gera através das práticas educativas que se desencadeiam no contexto escolar.

Para que o trabalho individual que o aluno realiza se constitua como fator de motivação, importa considerar as seguintes variáveis:

i) Que as tarefas, os temas e os problemas sejam relevantes para a vida presente ou futura dos alunos. A motivação nasce da visão, da compreensão, da perceção do uso pessoal e social dos conteúdos.
ii) As práticas devem centrar-se na aquisição de capacidades de compreensão, de exposição oral e escrita, de raciocínio, de uso e aplicação do conhecimento. A motivação gera-se a partir do sentido prático que as ações podem assumir.
iii) Os roteiros da ação devem ter guiões específicos de forma a estruturar as atividades de aprendizagem.
iv) As atividades (tal como os conteúdos) são estratégias de aprendizagem que visam desenvolver determinadas capacidades e competências e que importar explicitar e fazer compreender.
v) As atividades requerem um pensar sobre o seu desenrolar, de modo a avaliar o êxito e o fracasso e aprender com ambos.
vi) Que o professor forneça um feedback específico, de forma a reforçar/consolidar as aprendizagens realizadas ou corrigir os aspetos não conseguidos.
vii) A promoção da auto e hetero-avaliação como forma de ativação do conhecimento e de regulação das aprendizagens.

Por outro lado, se avaliação convocar o pensar e o compreender, e não apenas o recordar; se indicar os modos de superação das insuficiências e das dificuldades; se valorizar a capacidade de auto-avaliação; se os critérios de classificação forem claros, se centrarem nos progressos
realizados (e não apenas nos produtos) e se convocarem diversos instrumentos de medida (alinhados com as teorias das inteligências múltiplas), então, muito provavelmente, as práticas de escolarização estarão ao serviço das aprendizagens, da inclusão e da automotivação.

Fonte: Tapia (2005). Motivar en la escuela, motivar en la família. Madrid:Morata

 

* José Matias Alves é professor do Ensino Secundário, mestre em Administração Escolar pela Universidade do Minho, doutor em Educação pela Universidade Católica Portuguesa e professor convidado desta instituição.