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Correio da Educação

Correio da Educação

 

* José Matias Alves



Continuamos a viver num sistema marcado por várias ilusões: a ilusão do comando e do controlo, a ilusão do poder dos decretos e do diário de república (vasto cemitério de leis); a ilusão das lideranças heroicas, salvíficas e solitárias; a ilusão da comunidade educativa; a ilusão dos projetos, planos e programas.
Nesta crónica defendemos a tese de que quando há um excesso de planificações, planos e projetos a realidade tende a ficar muito aquém do desejado e previsto. Mais: tende a ser substituída pelas ficções das narrativas que se escrevem ou esquematizam. Partindo de Pfeffer e Sutton (2000, 2006) identificamos 5 barreiras à ação resultantes deste excesso:

1. Quando o discurso e a escrita substituem a ação. Na arena escolar, muitas vezes basta escrever para não ter de agir. Outras, o esforço de planificar esgota a vontade, a energia ou tempo para concretizar. Outras ainda, o que interessa, segundo a boa regra burocrática, não é o fazer mas o que se escreveu sobre o que se vai fazer ou sobre o que já se fez.

2. Quando a memória substitui a nova ação. A ênfase da planificação alimenta-se, em regra, da memória, do passado e isso dificulta um ajustamento às novas realidades emergentes.

 

 

* José Matias Alves é investigador, doutor em Educação e professor convidado da Universidade Católica Portuguesa.

O Ministério da Educação apresentou a sua proposta de reformulação curricular, que deverá reforçar os tempos letivos de ciências, fisico-química, história e geografia. Entre as mudanças contam-se, para o 2.º ciclo, a oferta diária de apoio ao estudo, a obrigatoriedade do Inglês, a criação de uma disciplica de TIC e a divisão da disciplina de Educação Visual e Tecnológica.

No 3.º ciclo, Educação Tecnológica desaparecerá do 9.º ano, História e Geografia terão cinco tempos letivos de 45 minutos para dividir entre si e Ciências Naturais e Físico-Química ganharão mais dois blocos de 45 minutos, a serem repartidos por ambas. Já a disciplina de Formação Cívica desaparecerá de todos os ciclos.

A proposta de revisão curricular estará em discussão pública até 31 de Janeiro. Deverá ser aplicada a partir do próximo ano letivo. (Público)