Director de Turma – o mau da fita
O Director de Turma é um docente que tem um papel muito trabalhoso e importante na Escola e onde nem sempre lhe é dado o justo valor.
É do conhecimento de todos que o Director de Turma (DT) é aquele professor que faz a ligação entre os diferentes professores que compõem o Conselho de Turma (CT), entre estes e a Família. Para além destes dois aspectos, tem uma série de actividades burocráticas a desempenhar, uma vez que tem de iniciar a construção do Projecto Curricular de Turma, preparar as reuniões de CT, reuniões de pais, reuniões de alunos, registar faltas dos alunos, para além da preparação das aulas de Formação Cívica e outras disciplinas que também lecciona, seleccionar e elaborar materiais para as mesmas e participar em outras reuniões relacionadas com a sua actividade docente.
Com as disposições legais em vigor, no que se refere a faltas de alunos, o seu trabalho é quase – atrevo-me a dizê-lo – desumano, pois precisa de estar muitíssimo atento para proceder à marcação de faltas, à sua distinção entre justificadas e injustificadas, calendarização de provas, informações aos alunos e respectivos encarregados de educação das ocorências e, posteriormente, registar a situação em que o aluno ficará. E esta tarefa só é reconhecida pelos colegas porque os pais (não há regra sem excepção!) não se apercebem de nada e, quando são alertados para as faltas dos seus educandos, por vezes, ainda se insurgem contra os professores e o DT.
A par desta situação, surgem os contactos também eles importantes entre DT e pais/encarregados de educação que acontecem ao longo do ano, por livre vontade dos pais /encarregados de educação. Contudo, existem muitos casos em que é preciso ser solicitada a sua deslocação à escola, para informar sobre certas ocorrências menos agradáveis da responsabilidade dos alunos. Estes últimos contactos, sendo importantes, são extremamente penosos para o DT, uma vez que nenhum professor gosta de fazer queixa deste ou daquele aluno; por outro lado, inúmeras vezes, os DT são incompreendidos pelos encarregados de educação /pais. Isto é, deveras, desagradável porque muitas vezes os pais põem em dúvida aquilo que o DT refere, dado que os seus filhos – na opinião deles – cumprem, não mentem, são umas crianças fantásticas. É verdade, são umas crianças fantásticas! Mas os pais precisam de acreditar naquilo que os professores dizem até porque são eles que, muitas vezes, mais tempo passam com os seus filhos, conhecendo-os bem. Por vezes, estes pais, quando querem auxiliar ou pôr cobro a alguma situação drástica que o filho cometeu já é tarde de mais. Isto acontece muitas vezes e é uma pena!
Verifica-se, por exemplo, que existem pais/encarregados de educação que, quando o DT os informa do que teve conhecimento pelos outros colegas e lhes diz que o aluno é conflituoso nas relações com os outros, com os colegas, eles não acreditam. Eles só acreditam no que o filho lhes conta. Desculpam tudo o que ele faz, narram ao DT a versão do educando, como sendo a verdade única e, ainda, criticam a pedagogia usada nas aulas. Talvez estes pais ficassem mais satisfeitos se o professor expulsasse o aluno da sala porque está sempre a conversar, distraído e a distrair os colegas, em vez de tentar outras soluções mais favoráveis à correcção das suas atitudes e sem ter havido o recurso à falta.
A relação Escola/Família é extremamente importante, mas estas atitudes desgastam os professores, desanimam, fazem descrer e podem conduzir à falência do sistema educativo oficial.
Marta Oliveira Santos – Licenciatura em Filologia Românica; colaboradora de várias publicações.