Maria Adelaide Macedo de Lemos Pereira
Nome: Maria Adelaide Macedo de Lemos Pereira
Profissão: Gestora; Habilitações: 12.º ano
- Qual a sua actividade profissional mais gratificante já realizada?
- Gestora da empresa Vivacidade – Espaço Criativo (espaço que promove a acção nas áreas: cultural, recreativa e do conhecimento) - Porto.
- Para si, qual a chave para mudar a educação em Portugal?
- Não creio que exista uma chave que possa alterar tão significativamente o processo em que se encontra a educação em Portugal. Para mim, esta é uma matéria em que todos devíamos estar envolvidos e preocupados, devido à importância e peso que tem nas nossas vidas. Estamos todos muito interessados em que a educação em Portugal seja de real qualidade. Sem uma boa qualidade de ensino o futuro fica comprometido em todas as áreas. Antes de mais deveria haver maior sensibilização à contribuição activa de todos para o bom funcionamento das escolas e para a importância da qualidade do ensino. No que respeita aos pais, estes deveriam trabalhar em conjunto com os professores e em projectos próprios, onde fossem mais positivos e pró-activos. Os governantes deveriam criar meios, estruturas e directivas adequados aos professores e alunos. Os professores têm a função da correcta transmissão do conhecimento, ajudam e orientam o aluno no seu percurso escolar. No poder local, associações culturais e sociais, deveríamos assistir a iniciativas organizadas de colaboração com o objectivo de ajudar a garantir melhorar a educação. Dos estudantes espera-se que tenham o sentido de responsabilidade, tomando e assumindo as suas opções livremente, conhecendo os seus direitos e deveres e à sociedade civil, em geral, pede-se o dever de respeitar, enaltecer e colaborar em tão nobre e essencial tarefa – a educação.
- Qual o papel reservado aos professores nessa mudança?
- Eu penso que a qualidade do ensino tem sofrido, ao longo destes últimos anos, um grande retrocesso; mas não é certamente por falta de seriedade dos professores. Se exigem menos dos alunos é porque as directivas do Ministério da Educação levam a isso. Não é, certamente, por falta de alertas por parte dos professores. Estou certa que os professores continuarão, e bem, a denunciar este estado do ensino, cujo resultado está à vista: os alunos têm cada vez menos conhecimentos.
Os professores estarão a fazer o seu papel se leccionarem na área de que mais gostam, para transmitirem correcta e entusiasticamente os conhecimentos aos alunos, motivando-os à aprendizagem das matérias. Como se dirigem a pessoas jovens que se encontram num processo acelerado de construção como pessoas, os professores são para eles uma referência, daí a importância do professor como ser humano e profissional na sua forma de agir e de ser.
- O que guarda como melhor para a vida ou mais gratificante na lembrança do seu percurso escolar?
- Alguns professores foram determinantes nas minhas opções de vida.
Foram eles que me orientaram a descobrir o quanto é gratificante e importante o conhecimento, a perseverança e o rigor em tudo o que fazemos.
- Como compara a Escola de hoje com a do seu tempo?
- Hoje é muito mais fácil o acesso à informação que acrescenta conhecimento a qualquer matéria. A Escola promove e facilita o acesso a essa forma complementar do conhecimento. Apesar disso, exige-se muito menos. “Poupam-se” muito os alunos na função fundamental para a competência – pensar. Quem perde com este facilitismo não são só os alunos; somos todos. E se algum não cede a essa humana tentação porque tem orientação e motivação distintas é certo que se destacará dos demais.
Hoje, os alunos têm mais liberdade nas opções, mas menos facilidade para as concretizar.
Verificam-se, hoje, muitos casos de desrespeito pelo instituído e pela instituição Escola. Para não falar no desrespeito pelos professores, que é inadmissível. A profissão de professor tem especificidades próprias e tem de ser considerada como tal. O governo é o primeiro a não se preocupar com esta classe profissional e com a profissão de professor, tirando-lhe a dignidade que lhe é devida, dando azo a toda uma séria de situações que pouco ou nada tem de positivo, onde todos saímos prejudicados.
- Que conselho daria aos alunos de hoje? E aos professores?
- Não sei dar conselhos aos outros.
Mas eu diria a um filho meu para ser dedicado, perseverante, rigoroso, consciente e determinado nas opções. Que saiba usar consciente e positivamente a liberdade que o leve a uma educação rica e estimulante em conhecimentos, onde crescerá, ao mesmo tempo, como ser humano e como profissional.
- Qual a disciplina de que gostou mais?
- Filosofia.
- Quando passou pela Escola, era um(a) bom (boa) aluno (a)?
- Era boa aluna, no sentido de dedicada.
- O que será hoje um bom aluno?
- Para mim ser um bom aluno é, ontem como hoje, ser dedicado; isto é: fazer das suas escolhas um compromisso em primeiro lugar com ele próprio e dar sempre o melhor de si mesmo.
- Que mensagem deixaria aos professores deste país?
- Na minha opinião, ser professor é uma profissão com uma missão muito especial. Infelizmente, os professores nem sempre têm o reconhecimento e os meios que mereciam e que seria desejável que tivessem.
Gosto de saber que os professores não se demitem de incutir nos alunos hábitos de leitura apelando para a sua importância, porque sabem que isso vai ajudá-los pela vida fora e poderá fazer a diferença.