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Correio da Educação

Correio da Educação

* José Matias Alves

 

Chegamos ao merecido tempo de férias, com uma crise financeira e económica grave, com ameaças sérias de agitação social, com nuvens sombrias nos horizontes que respiramos. No campo educativo, chegamos com alguns sinais paradoxais, diversas incógnitas que o tempo a vir elucidará.

 

Quero aqui enunciar a necessidade de um tempo de alento e de esperança. Alento e esperança na capacidade das escolas e dos professores, no poder mobilizador das lideranças inspiradoras, na construção de um sentido de comunidade.

 

Precisamos de praticar uma ativa cidadania profissional e organizacional. Que faça dos professores coautores do seu destino e não meros funcionários ou súbditos. Professores que sejam ativadores das redes onde cada escola tem de ser, afirmando-se nas interdependências. E membros de pleno direito das organizações educativas que ajudam a desenvolver.

 

O tempo a vir é, certamente, um tempo difícil e sombrio. Mas as nossas inteligências podem iluminá-lo. As vontades podem tecê-lo. A nossa determinação e lucidez podem dar-lhe um sentido de humanidade (de que muito carecemos).

 

Divididos entre dois sentimentos. Entre a ameaça e a promessa. Mas, apesar de tudo, partidários de que outra ordem é possível.

 

A todos os meus leitores, votos de boas e merecidas férias.

 

* José Matias Alves é professor do Ensino Secundário, mestre em Administração Escolar pela Universidade do Minho, doutor em Educação pela Universidade Católica Portuguesa e professor convidado desta instituição.

* Inês Silva

 

Tem-se vindo a assistir, desde o início do século XXI, ao fim das humanidades em Portugal. Cada vez menos os alunos escolhem esta área de estudos no ensino secundário. Cada vez menos pretendem tirar uma licenciatura em línguas e literaturas ou em linguística, ou ainda em história ou filosofia. E cada vez menos se interessam pela “cultura” associada à sua língua, literatura, vivências do passado…


Também em certas licenciaturas, como Educação Básica, os docentes confrontam-se com a dificuldade crescente dos estudantes (futuros educadores e professores) em acompanhar os programas de unidades curriculares como cultura portuguesa, literaturas lusófonas, linguística, história.  


A que se deve este desinvestimento e este desinteresse (quase repúdio) pelas humanidades?

 

* Inês Silva - Doutora em Linguística (Sociolinguística). Professora Adjunta convidada na Escola Superior de Educação de Santarém. Tem realizado estudos sobre a escrita dos alunos. É autora de várias publicações de caráter didático e de caráter linguístico. Na ficção, publicou o romance: A Casa das Heras.

A Direção Regional de Educação do Norte recebe, no próximo dia 4 de Julho, a 2.ª edição do workshop "EDU Scratch – Linguagem de programação para todos, pequenos e grandes!".

 

Dinamizado pelos professores Teresa Marques e Miguel Figueiredo, do Centro de Competência TIC da Escola Superior de Educação de Setúbal, o workshop terá a duração de seis horas. O "EDU Scratch" é um projecto que visa promover a utilização do Scratch – uma linguagem de programação (concebida e desenvolvida no MIT), acessível a crianças e jovens em ambiente escolar.

 

Esta formação tem como objetivo fomentar experiências que envolvam os alunos na programação e criação de conteúdos. Neste workshop, os professores terão oportunidade de explorar a ferramenta Scratch (disponível em http://kids.sapo.pt/scratch/), produzir e publicar projetos de programação (jogos e outros recursos educativos para qualquer área disciplinar). (DREN)

Está disponível online o programa do XIX governo constitucional. O documento pode ser descarregado aqui. Destacamos algumas medidas previstas para a educação que nos parecem mais relevantes:

 

«- Criação de um sistema nacional de indicadores de avaliação da Educação, em linha com as melhores práticas internacionais, garantindo transparência e confiança aos cidadãos e incentivando as famílias a tomar decisões mais informadas no exercício da sua liberdade de escolha;

- Generalização da avaliação nacional: provas para o 4.º ano; provas finais de ciclo no 6.º e 9.º anos, com um peso na avaliação final; exames  nacionais no 11.º e 12.º ano;

- Revisão do modelo de contratualização da autonomia das escolas, assentando-o em objectivos e incentivos definidos pelo Ministério e pela comunidade escolar, de forma a que as escolas se possam abrir a projetos educativos diferenciados e credíveis.  

- A simplificação do Estatuto da Carreira Docente a par do estabelecimento de medidas que reforcem as competências dos directores de escola;

- Uma seleção inicial de professores que permita integrar no sistema os mais bem preparados  e  vocacionados  designadamente  através  da  realização  de  uma  prova de avaliação de conhecimentos de acesso à profissão.

- Reformando o modelo de avaliação do desempenho dos docentes de forma a desburocratizar o processo, promovendo um regime exigente, rigoroso, autónomo e de responsabilidade, sem que estes princípios conduzam a cargas desmedidas de procedimentos burocráticos e administrativos, e ponderando os resultados de outros modelos de avaliação, nomeadamente os já obtidos no modelo de avaliação em vigor no ensino particular e cooperativo.

- Desenvolver uma unidade autónoma e independente, capaz de se relacionar com entidades  internas  e  externas  ao  Ministério,  com competências científicas em várias áreas, de forma a conceber e aplicar provas e exames nacionais validados, fiáveis e comparáveis.  

- Implementar uma política de avaliação global, incidindo não apenas sobre os professores, mas também sobre a escola, os alunos e os currículos;

- Lançamento de concursos públicos para contratualização de oferta privada em situações de carência ou rutura da rede de oferta de ensino.

Aumentar o sucesso escolar no 2.º e 3.º Ciclos
- Prevenção do insucesso escolar no 2.º Ciclo, com identificação precoce dos fatores de risco e áreas lacunares em cada disciplina para reforço  dirigido das aprendizagens;  
- Combate ao insucesso escolar, nomeadamente por via de uma intervenção atempada;
- Redução da dispersão curricular do 3.º Ciclo;
- Erradicação do abandono escolar em idades inferiores a 15 anos com sinalização dos alunos em risco e intervenções articuladas a nível local.»

Um estudo da Universidade de Harvard, realizado ao longo de sete anos, diz que o grau académico do professor ou a instituição em que se formou não têm impacto na qualidade do ensino que presta.

O mesmo estudo indica que o desempenho dos docentes melhora alguns anos depois do início da atividade, atingindo o seu auge aos dez anos de profissão, entrando depois em declínio. (Estudo)

 

* Teresa Martinho Marques



O trabalho continuado de investigação e aperfeiçoamento das linguagens e ambientes de programação para jovens (LOGO, nos anos 80), desenvolvido no Massachusetts Institute of Technology, produziu a ferramenta Scratch ‐ um ambiente gráfico de programação inovador, divulgado publicamente apenas em Maio de 2007, que permite trabalhar cooperativamente e utiliza media diversificados.

 

O Scratch (cujo slogan é: «imagina, programa, partilha») foi concebido e desenvolvido como resposta ao problema do crescente distanciamento entre a evolução tecnológica no mundo e a fluência tecnológica dos cidadãos, e pensado, igualmente, para promover um contexto construcionista propício ao desenvolvimento da fluência tecnológica nos jovens, desde muito cedo, e das competências transversais ditas «para o século XXI», nomeadamente a resolução de problemas. Os seus autores pensam que poderá, ainda, permitir avançar na compreensão da eficácia e inovação do uso das tecnologias nos processos de aprendizagem em diferentes domínios e contextos, de forma mais específica na educação matemática formal e informal (pela própria natureza do ambiente), incentivar a criação e invenção  (para que os jovens não sejam apenas meros consumidores de tecnologia) e estimular a aprendizagem cooperativa.

 

 


O projecto EduScratch, criado no presente ano (numa parceria ERTE/PTE, DGIDC, CCTIC ESE/IPS e SAPO KIDS), tem como meta principal promover a criação e desenvolvimento de uma comunidade de educadores em torno da utilização do Scratch em ambiente escolar. Pretende‐se com o seu desenvolvimento divulgar e apoiar a utilização do Scratch (e o conhecimento sobre esta ferramenta), bem como incentivar à sua utilização através da formação e da partilha. Já existe em Portugal um portal (SAPO Scratch) desenhado por uma equipa da PT Inovação/SAPO, como resultado de uma parceria desta empresa com o MIT.


Aqui poderão encontrar um webinar da ERTE/PTE sobre o tema e algumas referências bibliográficas úteis com ligações ativas para os textos.

 

* EB 2,3 de Azeitão e CCTIC – ESE/IPS: http://projectos.ese.ips.pt/cctic/ e http://eduscratch.dgidc.min-edu.pt/

* Jaime Carvalho e Silva



A Comissão Internacional de Instrução Matemática-ICMI, a maior organização internacional de ensino da matemática do mundo, que agrupa mais de 80 países, lançou em Julho um novo estudo intitulado Teaching Statistics in School Mathematics: Challenges for Teaching and Teacher Education (em português: O Ensino da Estatística na Matemática Escolar: Desafios para o ensino e a formação de professores). Neste estudo, o 18.º promovido pelo ICMI, são analisados os principais desafios que o ensino desta área da matemática coloca nos dias de hoje.

Primeiramente é analisada a importância da lecionação deste tema. O estudo do ICMI considera que no mundo atual os alunos necessitam de competências cada vez mais fortes em todas as áreas quantitativas da sociedade moderna, incluindo uma sólida compreensão da estatística.
Essa situação é crescentemente aceite a nível internacional pelo que, em muitos países, o tema é atualmente ensinado em todos os níveis de escolaridade, incluindo o ensino primário.



* Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra

O projeto de lei que criará o novo Plano Nacional de Educação brasileiro foi alvo de 2919 emendas parlamentares, na comissão especial que analisa a matéria no Parlamento daquele país.

Este documento irá estabelecer 20 metas educacionais que o Brasil deve cumprir até ao fim da década, sendo a subida do investimento na educação para 7% do PIB uma das medidas mais polémicas. (Estado de São Paulo)

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