Gerir a diferença II – (alguns) caminhos?
* Teresa Martinho Marques
Poderia começar por dizer que não há receitas. Que cada contexto é um contexto específico. Que a primeira diferença nasce em cada um de nós pessoa, professor, em cada escola. Poderia dizer que o tempo é uma variável fundamental. Verdades incontestáveis. Mas preciso de dizer um pouco mais. Procuremos, então, alguns aspetos comuns das viagens. Pequenos exemplos e ideias soltas.
Há uma variedade imensa na quantidade, tipo e causas para os erros que os alunos cometem. Em Matemática, se não fosse às vezes triste... poderíamos sorrir com as variantes. Então, qual o interesse de ir ao quadro fazer a correção de um teste de forma distante, que parece servir a todos e não serve verdadeiramente a nenhum, que pouco lhes devolve de essencial e aborrece de morte os que têm tudo certo e são obrigados a copiar todas as respostas?
Os alunos podem e devem ser confrontados diretamente com os erros cometidos (chamo-lhes as consultas “médicas”). Nesses momentos ganhamos um conhecimento privilegiado sobre eles (erros e alunos). Se não individualmente, pelo menos em pequenos grupos. São momentos de crescimento para nós, também. Perceber a lógica de um erro novo que nunca observámos é ter a possibilidade de ajustar a forma como determinado conteúdo pode ser abordado de forma a evitar a confusão. Como? Se possível, criar um tempo de diálogo exterior à aula (como Estudo Acompanhado, um clube de apoio – aproveito frequentemente esse tempo de qualidade com eles para aprofundar a relação e o conhecimento das pessoas que todos são). Se não... então organizar o diálogo/correção em grupos autónomos, dispensando os alunos que não cometeram erros significativos (sempre que sinta que é mais vantajoso para estes organizarem autonomamente o trabalho que irão fazer na aula). Não é tão rico, mas é preferível à massa anónima da aula dirigida como orquestra em que todos tocam o mesmo instrumento.
Corro pela sala o tempo todo. Ou simplesmente trabalho com o resto da turma, enquanto alguns grupos autónomos fazem um suave zumbido de fundo, alheios a mim. Saio cansada, mas satisfeita. É no colo deles que tudo faz sentido, porque do lado de fora há muito que se vai perdendo esse espaço de crescer, de autonomia, confiança e respeito que todos, professores e alunos, merecemos.
* EB 2,3 de Azeitão e CCTIC – ESE/IPS: http://projectos.ese.ips.pt/cctic/ e http://eduscratch.dgidc.min-edu.pt/