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Correio da Educação

Correio da Educação

A educação de um "gentleman" ou as circunstâncias de uma aristocracia natural

 

In João Carlos Espada, “Ensaio. Liberdade como conversação” Jornal i, 22.08.2009: 29

 

“[…] Burke e Newman – Está talvez na altura de recordar que esta ideia, de que o dever não decorre da vontade, era central em Edmund Burke. E foi Burke que nos deixou uma das mais belas imagens sobre a educação de um “gentleman”.

‘Ser educado num lugar de estima; não ver nada baixo ou sórdido desde a infância; ser ensinado a respeitar-se a si próprio: ser habituado à inspecção crítica do olhar público; […] ter tempo para ler reflectir e conversar; […] ser educado a desprezar o perigo, no cumprimento da honra e do dever; […] possuir as virtudes da diligência da ordem, da constância e da regularidade, e ter cultivado uma atenção especial à justiça comutativa: estas foram as circunstâncias dos homens que foram aquilo que eu chamaria aristocracia natural [por contraste com a aristocracia feudal] sem a qual uma nação não pode existir.’

Estas palavras serviram de inspiração ao cardeal John Henry Newman, na sua obra hoje clássica “A Ideia de Universidade”:

É apropriado ser um gentleman, é apropriado ter um intelecto cultivado, um gosto delicado, uma mente cândida leal desapaixonada, uma atitude nobre e cortês na conduta da vida – estas são as co-naturais qualidades de um largo conhecimento, e são o objecto de uma Universidade.”

 

Coimbra, 05/02/1904 - 07/01/1993

 

 

 

Um formador de professores dos anos 30 AOS ANOS 60

 

 

 

 

 

 

 

Psicólogo, filósofo, ensaísta e professor universitário, nasce em Coimbra, filho de João Vieira Lima e de Guilhermina Mendes de Lima. Frequenta nesta cidade o ensino primário, liceal e universitário. No Colégio de S. Pedro tem como mestres Mendes dos Remédios, Eugénio de Castro, João Duarte de Oliveira, Bissaia Barreto e Virgílio Correia, entre outros. Frequenta durante um ano a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e, mais tarde, é aluno da Faculdade de Letras da mesma Universidade onde conhece Gonçalves Cerejeira e Joaquim de Carvalho.

 

 

 

João Pedro Fróis, « LIMA, SÍLVIO Vieira Mendes de», in António Nóvoa (dir.), Dicionário de Educadores Portugueses, Porto, Edições Asa, 2003, pp. 765-766, com adaptações.

 

 

  O presente livro incorpora a experiência do autor e a investigação em Didáctica de Física e resulta da necessidade de fazer uma sistematização do conhecimento na área. Na sua base está a ambição de tentar construir um corpo coerente de conhecimentos da Didáctica da Física, pese embora a imaturidade da área científica. Mesmo que o resultado não seja estável, pode constituir-se, ao menos, como referência para ulteriores tentativas.

Procura-se fazer uma sistematização crítica de trabalhos das grandes áreas da investigação em Educação em Ciência que tenham relevância para a Aprendizagem e o Ensino de Física. Assim, parte-se, entre outros, de trabalhos sobre concepções alternativas, evolução conceptual, modelização, trabalho experimental, resolução de problemas, análise epistemológica, concepções e práticas de ensino, gestão curricular.

O Capitulo 1 justifica a necessidade da área científica Didáctica da Física e o Capitulo 2 caracteriza, de modo sucinto, a área científica de Educação em Ciência, de que a Didáctica da Física e um ramo, nas ultimas décadas.

Todo o livro assenta em dois resultados fundamentais da investigação Didáctica:

·  Os alunos são sujeitos epistémicos que mobilizam determinados processos no seu esforço de aprendizagem. Estes processos têm determinadas características que condicionam o que os alunos podem aprender e como podem aprender. Sabe-se que a aprendizagem e evolutiva (não se faz por saltos), tem natureza complexa e mobiliza determinados processos e entidades, ainda mal conhecidos. Além disso, tem especificidades próprias do domínio a aprender, a Física, neste caso;

·  Do ensino directo de conceitos não resultam aprendizagens de qualidade para uma parte considerável dos alunos.

Face a estes resultados fundamentais, uma boa parte da obra dedica-se a elucidar a natureza da aprendizagem conceptual de Física e dos processos e entidades envolvidos (Capítulos 3 e 4).

Como o Ensino da Física tem de tomar em conta as especificidades da sua Aprendizagem, o Capitulo 5 desenvolve, operacionaliza e exemplifica um conceito - Situação Formativa – que permite ao professor desenhar o currículo que pretende implementar, geri-lo em sala de aula e avaliar a qualidade das aprendizagens que daí resultam. Este conceito está sempre subjacente nos Capítulos subsequentes e é central em toda a obra.

Os Capítulos 6 e 7 dedicam uma parte do seu conteúdo a aprofundar a forma como se aprende Física em duas situações de aprendizagem fundamentais: a resolução de problemas (Capitulo 6) e o trabalho experimental (Capitulo 7). Procuram, ainda, abordar a resolução de problemas e o trabalho experimental tendo em conta o desenvolvimento conceptual que é necessário proporcionar aos alunos e a forma como aquelas actividades podem incorporar-se em Situações Formativas. Em particular, desenvolvem-se e utilizam-se auxiliares didácticos particularmente adaptados à natureza da Aprendizagem de Física já trabalhados no Capitulo 4, em contexto mais amplo: por exemplo, a representação gráfica no Capitulo 6; auxiliares didácticos destinados a promover o desenvolvimento conceptual através das actividades experimentais no Capitulo 7.

No Capitulo 8 abordam-se dois assuntos fundamentais para a prática lectiva: a avaliação das aprendizagens e a gestão do currículo de Física. Em ambas, há a preocupação de proporcionar coerência com os capítulos anteriores e fornecer instrumentos úteis para o Ensino da Física. O Capitulo 9 apresenta alguns métodos de ensino e alguns recursos de que o Ensino da Física pode dispor, dos quais se destaca a metodologia Trabalho por Projecto.

J. Bernardino Lopes

 

Fundação Calouste Gulbenkian – Fundação para a Ciência e Tecnologia (2004)

 

1. Portugal decretou a escolaridade obrigatória básica, em 1836, fruto do voluntarismo liberal de de Passos Manuel, Garrett, Herculano e C.ª. Todavia tal determinação só se cumpriu cento e trinta anos depois, com outro voluntarismo, o dos governantes dos anos cinquenta do século XX. As estatísticas do analfabetismo a isso obrigavam…

 

J. Esteves Rei - Professor Catedrático de Didáctica das Línguas e de Comunicação, na UTAD, Vila Real.