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Correio da Educação

Correio da Educação

O verso alcançando o infinito

 

O poema nasce de um impulso,

de uma febre, da tirania de uma miragem,

da tentação sonora de uma metáfora,

do vazio que teme transformar-se em nada.

Depois é a escrita, é o trabalho da mão

sobre a matéria incandescente das sílabas.

E, quando damos por nós, é de corpo inteiro

que estamos na fragilidade do poema

como se tivéssemos ousado cavalgar numa nuvem

para desafiar todos os poderes do céu.

 

Quem ousará explicar este sortilégio?

Nem sequer os deuses, pois esses

nasceram da própria erupção do verbo,

da explosão da prece fingindo ser capaz

de vencer o sofrimento e o assombro.

 

O poema nasce, afinal, da ilusão

de que ainda resta algo para ser dito

e de que o silêncio é um cativeiro fugaz

em que as palavras se amotinam

para de novo voltarem a ser voz.

 

José Jorge Letria, O Livro Branco da Melancolia (2001)

Público alvo: Pais / Encarregados de Educação
Datas: 16 e 30 Abril/2011 (Sábados)
Horário: Das 14h30h às 19h30
Local: Vale d’El Rei Suite & Village Resort**** - Quinta Vale d’El Rei - Lagoa (Algarve)
Formador: António Valentim (Psicólogo Clínico)

Um curso que tenta dar resposta às seguintes questões:
Como impor limites e regras à criança facilitando a vida aos pais e à criança?
Como fomentar o bem-estar psicológico na criança?
Como motivar a criança e ajudá-la no sucesso escolar?


Informações e inscrições aqui.

 

O próximo sábado, 19 de Março, vai ser o momento de maior proximidade da Lua em relação à Terra dos últimos 18 anos, pelo que esta vai parecer bastante maior.

 

Este fenómeno de aproximação, chamado perigeu, deve-se ao facto de a órbita da lua ser elíptica e não circular, pelo que tem variações periódicas na sua distância. (JN)

Encontram-se disponíveis online o relatório final do “Projeto da Avaliação Externa da Implementação do Decreto-Lei n.º 3/2008”,  bem como as comunicações da sessão pública de apresentação dos resultados do referido estudo. Este decreto-lei define os apoios a prestar em todos os graus de ensino aos alunos com necessidades educativas especiais. (Relatório e comunicações)

Segundo o estudo "Impact of Broadband in Schools: Evidence from Portugal", assinado por Rodrigo Belo, Pedro Ferreira e Rahul Telang, da Carnegie Mellon University e das universidades Técnica e Católica, em média, as notas das escolas terão em média baixado "cerca de 7,7% entre 2005 e 2008 e cerca de 6,3% entre 2005 e 2009 devido ao uso de banda larga".

Segundo os autores: "o nosso argumento central para um declínio no desempenho dos estudantes é o de que a banda larga cria distrações", que afetarão mais os rapazes do que as raparigas, pois é mais "provável os rapazes dedicarem-se a atividades que os distraiam do que as raparigas", e defendem que "os nossos resultados sugerem que a introdução desta tecnologia no ambiente escolar tem de ser complementada com políticas que a integrem no sistema de educação de forma a promover o uso produtivo da Internet". (Jornal de Negócios)

 

* José Matias Alves

 

 

Vivemos um tempo difícil e complexo.  Ser professor é cada vez mais exigente num contexto em que muitos alunos não veem o sentido da escola, nem sequer as promessas que a tornariam suportável. Em que algumas (muitas?) famílias têm dificuldade em valorizar a escola por palavras e atos, arruinando assim muito do esforço desenvolvido pelos professores. E no campo especificamente laboral, muito tempo perdemos com enredos normativos e  burocráticos que nos desviam do essencial que tem de ser procurar fazer com que os alunos aprendam o máximo que lhes for possível.

Neste contexto, temos de ter a coragem de dizer "basta". Dizer basta à irresponsabilidade legislativa que abafa a criatividade das escolas e dos professores. Dizer basta a um sistema de avaliação docente que continua a fazer de conta que está promover a qualidade do ensino, das aprendizagens, a excelência educativa. Dizer basta a tiques autoritários (venham eles de onde vierem) que nos limitam na capacidade de pensar, agir, cooperar  e divergir. E que muitas vezes até nos ameaçam na nossa identidade cívica e profissional. Dizer basta à repetida irresponsabilidade de pais que se demitem da sua mais básica função educativa. Dizer basta ao excessivo simulacro, à excessiva hipocrisia organizada que arruína a coerência e a legitimidade da ação.

Dizer basta é um sinal não apenas da nossa cidadania organizacional. É um sinal de um imperativo educativo que tem de se basear na ética, na verdade, na honestidade, na justiça e na justeza. Porque ser professor também é isto: rejeitar uma ordem vassálica e praticar a liberdade livre que nos realiza como seres humanos.

 

* José Matias Alves é professor do Ensino Secundário, mestre em Administração Escolar pela Universidade do Minho, doutor em Educação pela Universidade Católica Portuguesa e professor convidado desta instituição.

 

1) Como caracteriza o ensino em Portugal nos últimos anos?
Penso que a educação em Portugal se tem caracterizado por uma certa falta de rumo e de pensamento sobre os seus fins. As reformas em educação têm sido, em larga medida, medidas reativas tomadas no decurso de processos que seguem descontroladamente o seu curso. Os sucessivos ministros parecem apenas tentar gerir um automóvel que corre descontroladamente e que já ninguém consegue domar.

2) Que propostas sugeria para melhorar o ensino em geral e o da sua área disciplinar em particular?
Acho que a filosofia desempenha um lugar central numa formação integral e humana. É isso que a sua integração na componente da formação geral dos cursos científico-humanísticos pretende expressar. Mas a filosofia, para além de ser um importante instrumento de pensamento e de argumentação, é também a expressão de uma tradição cultural e histórica de confrontação do humano com os grandes problemas e o mistério do mundo e da sua vida. Penso que o programa de Filosofia poderia ser revisto no sentido de dar um lugar maior à expressão dessa tradição. Por outro lado, a reintrodução do exame de Filosofia, que foi certamente uma boa notícia, também poderá contribuir para rever o programa neste sentido. No caso específico da Filosofia, uma situação que há que resolver – e que não pode ser esquecida – é também a do 12º ano: a disciplina está praticamente morta e a sua situação deveria ser objeto de reflexão.


 

14 Mar, 2011

Gerir a diferença

 

* Teresa Martinho Marques

 

 


A escola tende a ser um espaço de massas anónimas, espaços e tempos formatados, uniformização e médias. Número excessivo de alunos é uma tentação para adormecer no branco e não convida ao arco-íris.
Há muitos anos, a Filipa (nunca mais esqueci o nome dela), depois de concluir uma ficha de avaliação, surpreendeu-me com este desabafo: Professora, fiquei desapontada com o teste. Explicou-me que sabia resolver problemas e expressões numéricas muito mais complicados, tinha estudado imenso e o teste era... muito fácil!

Esta menina de 11 anos motivou a mudança na minha forma de olhar as turmas e o ensino da Matemática no 5.º e 6.º anos. Muito jovem, professora a lecionar em escola complicada de periferia, acreditava que era preciso zelar quase apenas pelos (imensos) desfavorecidos, porque os filhos de um Deus maior acabariam sempre por encontrar o seu caminho. Falso. Todos têm o direito a ver os seus limites desafiados, mesmo que nem sempre seja fácil encontrar o equilíbrio.

 

* EB 2,3 de Azeitão e CCTIC – ESE/IPS: http://projectos.ese.ips.pt/cctic/

 

O Programa Educación Responsable, iniciado há cinco anos junto de 20 000 alunos da região da Cantábria, em Espanha, está a produzir "melhorias significativas" entre os alunos abrangidos, que apresentam níveis de ansiedade mais baixos e maior facilidade de comunicação e convivência, o que se traduz também na prevenção do consumo de drogas, diminuição dos níveis de violência e melhor relacionamento aluno-professor.
Este programa, que se traduz em trabalhar as emoções na sala de aula e fomentar o desenvolvimento da criatividade desde o início da vida escolar, deverá ser alargado a mais escolas. (El País)